#01 - PILOTO

   Olá meu caro, me chamo Diego Martins, sou Engenheiro Civil e moro na cidade do Rio de Janeiro. Resolvi compartilhar meus pensamentos, opiniões e experiências aqui para que as mesmas não pudessem estar somente na minha cabeça, onde talvez possa servir para você que irá acompanhar, uma forma de se identificar e saber que você não está sozinho. Talvez seja uma forma minha de desabafar, será ? Vai saber.

   Começo comentando sobre este ano de 2017 nesta tarde neste último dia do ano, após acordar as 13 h e na "merda", depois de virar a noite assistindo série de TV, é demais para sair um pouco da sua realidade. Experimente também. Foi um ano para pensar, um ano para se conhecer, um ano pelo qual literalmente eu me descobri, saí do meu casulo. Talvez pelo fato e necessidade de encontrar algo que me gerasse renda após ser desligado da minha última empresa, pelo qual prestei serviços de engenharia por 2,5 anos. Isso realmente me incomodou muito em maio. Pois ninguém aprecia ser "chutado" por ninguém, nem por uma empresa que o foco principal é produzir dinheiro ou por uma mulher ou até mesmo um homem, vai saber. Na verdade acredito que ninguém deveria passar por tal ritual, contratam você, se doa mais do que consta em seu contrato de trabalho, pois penso que seu tempo é único na minha vida. Nove horas de trabalho eram o que deveríamos seguir, porém na minha profissão, nove horas é o básico. e isso, a cada vez que você se permite estar mais disponível para a pagadora do seu salário mensal, torna-se uma brecha para uma prisão invisível, onde cada vez mais você fica acorrentado a um universo que deveria fazer parte de um percentual do seu dia, e não de sua totalidade.

   Desabafo é tentador em muitas ocasiões. Na verdade é divertido você soltar cada palavra escondida debaixo desse monte de tradicionalismo e farsa, pelo qual nos tornamos diante dos compromissos diários, ou deveria ser. Mas voltando a 2017, após minha dispensa indesejada, ou desejada né. Pensando melhor, uma grande parte de mim ficou aliviado de não ter que "aturar" mais os acorrentados ao seu "ganha pão" mensal. Era explícito o medo de cada um em perder seu emprego, mas o cômico era ver que ao mesmo tempo que os mesmos se "cagavam" em fazer algo que os desaprovassem internamente por um chefe imediato, ou que se tornassem dispensáveis de acordo com que as obras iam se esgotando, devido a crise profunda que o RJ vem vivendo através da corrupção que já vinha sendo rotina desde a época de Pedro II no Brasil. Além de cômico, em partes, era humilhante. Assisti por diversas vezes pessoas uniformizadas com o medo estampado no rosto recebendo um descarrego de desprezo disfarçado de um suposto profissionalismo por seus superiores imediato. Na verdade era uma disputa de ego, ou será uma disputa desleal, de quem NÃO deve ter o mesmo tipo poder de mandar ou desmandar em casa com sua esposa ou seus filhos, vai saber.

   Um fato curioso que fica de observação no pós dispensa, é que você não será dispensado apenas de seu cargo, e sim das vidas que estão por lá ainda. É impressionante como você fica envolvido por tais pessoas durante o processo de algum empreendimento, tendo quase que diário uma presença que nem a minha mulher tinha comigo. E quando você sai desse universo, você percebe que realmente você não passava de uma ferramenta para amenizar as marcas das correntes, então presas a eles. Dá para sentir a falta das conversas, das investidas daqueles que entendiam fazer parte das suas OS's (ordens de serviço em seus contrato de trabalho), enfim das bajulações. Bajuladores é o que são, sanguessugas de juventude e da confiança que os mesmos não possuem, ou até mesmo daqueles que pensávamos que não era somente parte de suas OS's.

   O pior não é você sair desse universo que eu dependia financeiramente todo santo mês, e sim sair sem sua indenização completa, isso sim dói. Haviam planos de deixar o país e viver no Canadá talvez. Lugar aparentemente bom de se viver, pelos menos é o que diz nossa mãe, a internet e nosso amigo leal, Youtube. Fiquei ouvindo do RH por diversos meses após minha saída, de que a empresa iria pagar o saldo final em "breve". Diga isso as minhas contas minha querida, com elas, não tem essa de em "breve". Uma vez ouvi durante uma ligação que fiz, cobrando a data de pagamento para os "acorrentados", que os mesmos estavam sem remuneração naquele mês, devido a falta de obras. Dei uma risada irônica e disse "...e eu, que estou sem trabalho ?...". É incrível quando você consegue desconsertar alguém mesmo estando pelo telefone, deu para perceber a cara no chão a quilômetros de distância. A mesma gaguejava e o desconserto foi grande, cara que surreal e tremenda "cara de pau".

   Depois disso, percebi que não podia contar mais com o que era de meu direito. Sabe o que penso ? Isso tudo é besteira. Não se pode acorrentar ninguém desta maneira, deixe-me ir de uma vez, ao invés disso, fico me assistindo a cair devagar todo mês. Devo virar a página e deixá-los para trás. Foi o que minha experiência me dizia, e foi o que fiz. Em casa comecei a pensar no que eu poderia investir para fazer a mágica, ganhar dinheiro. E foi aí que me deparei com o nicho que esteve presente em quase toda a minha vida, a saúde. Amigão, que mudança foi essa.

   Na próxima postagem continuo contando como foi, pois agora que percebi que de postagem já virou uma sinopse, uma grande sinopse, puta merda.

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