#03 - SURREAL

   Estou dando início a escrita de contos. Neles entrarei em um mundo real para muitas pessoas, e surreais para outros. Vamos lá !

   Daniel era um adolescente Brasileiro comum como outro qualquer e morador do subúrbio carioca. Ele assim como os outros, cursava ensino médio em um colégio particular da zona norte do Rio de Janeiro, era um rapaz que não costumava ter muitos amigos, mas quando tinha, era real. Mas como todo adolescente com seus 17 anos a flor da pele, só pensava em uma coisa, mulheres.

   Época de escola é uma dádiva de Deus, sinto muita falta com certeza (risos). O fato mais atraente nessa fase é o desenvolvimento da maturidade, é incrível. Daniel não gostava de estudar,  mas gostava de ir a escola. Possível isso ? Com certeza.

   No início, turma nova, a transição da oitava série para o primeiro ano é muito aguardado por aqueles que estão a chegar aqui, eu diria muito, mas muito aguardado. Quase um marco no seu histórico juvenil. Para ele, a mudança de comportamento era fundamental para alcançar o notável, que até então não era lá essas coisas. Possui sua singularidade, costumava ser engraçado, arrancava umas risadas de algumas meninas de sua classe, nada demasiado e centralizado no seu pequeno círculo de conhecimento, porém nada direcionado ao objetivo principal. Parecia muito o "Neymar" em início de carreira, driblava muito para os lados do campo, mas nada objetivo (risos). Porém algo precisava mudar, só não sabia-se o quê.

   Exemplos haviam muitos, nos intervalos era o que se mais via. Rapazes se desenvolvendo o corpo nas academias, alguns já até desfilavam com carro do "papai" do lado de fora do colégio, muitos já "rodados" entre as mulheres e já com seus devido reconhecimento. Então, como sair da inércia habitual e se tornar atrativo ? Porque tinha que ser para melhor né, conhecer mulheres mais atraentes, com outros tipos de pensamentos, enfim, mais interessantes, "mama mia". O jeito era fazer novas amizades com outras turmas, outro universo, pois o diferente é sempre mais atrativo do que aquilo que se vê o tempo todo.

   E foi exatamente isso que Daniel fez, se inscreveu na academia, malhava desesperadamente em busca no "Shape" Perfeito como diz nosso amigo "Toguro" de São Paulo. Mas o processo não era rápido, muito pelo contrário, lento, era lento demais. Porém, pequenos resultados já apareciam, alguns já notaram a diferença, mas estava longe ainda de ser notável, pois era esse o objetivo. Mas enquanto esse processo de desenvolvimento acontecia, acha mesmo que Daniel iria ficar de braços cruzados ? Nada disso, começou a frequentar aos finais de semana pequenas "baladas" chamadas na época de "matinê". Ali era o momento de pôr em prática aquilo que se almejava, mas sem a estrutura que se desejava. E os amigos ? Estavam lá com ele, batalhando com o mesmo objetivo e com as mesmas dificuldades. A cada hora que se passava tornava-se uma contagem regressiva para o fracasso. Por diversas vezes no início, Daniel saía no zero a zero. Mas era obstinado a usufruir daquilo que muitos já usufruíram, cara era motivador. "Sair" com uma mulher da sua idade ou mais velha com as mesmas intenções que você, era mais do que motivador, era sensacional. 

   Por muitos finais de semana a história se repetia, até que os resultados começaram  a aparecer na medida que que o corpo se desenvolvia na academia, e era incrível. Aos poucos, as histórias noturnas se espalhavam entre as mulheres no colégio e as atenções começaram a ser desviadas para ele. Foi um período devastador, nunca conheceu tantas mulheres na vida como aquele momento, a cada uma que aparecia interessada, mais vinham atrás. Agora sim estava onde queria, mas não era suficiente, pois não importa o quanto tem, mais você irá querer.

   Durante o desenvolver dos meses, sua imagem no colégio não era mais a mesma de antes, havia algo que chamava a atenção delas, e isso era fantástico, até que ela apareceu.

   Era linda, intrigante e possuía um charme nunca observado antes em nenhuma experiência que havia tido recentemente. Era como se o tempo estivesse parado naquele momento onde se cruzaram no pátio do colégio na hora do intervalo, cara mas o que era aquilo ? A maneira que Daniel foi observado por ela, era coisa de outro mundo, nada antes conhecido. O frio que sentia naquela época de calor não era simplesmente frio, era calafrio. Toda aquela experiência recente que vinha acontecendo em diversos finais de semana não estavam ajudando, então o que fazer? 

   A primeira coisa a fazer foi se sentar o mais próximo possível sem perder a visão de interesse de ambos. Estava paralisado ou "travado" como alguns cariocas diziam na época, vai saber. Chegava a ser cômico. Porém, algo tinha que ser feito, pois o intervalo para o retorno de sua aula logo viria, então foi o que Daniel fez. Engoliu a seco o nervosismo e foi em direção a ela dizer um simples "oi". Chegando lá, o que ele encontrou foi uma amistosa recepção recheada de um lindo sorriso e uma vergonha avassaladora por ambos, que sorte a dele que ela estava sozinha naquele momento.  Qualquer olhar ou presença inoportuna poderiam colocar tudo a perder naquele instante. Conversas com intenções óbvias foram trocadas, até que "toca" o sinal, era o fim do intervalo, que merda meu amigo. Como "enrolaram" para retornarem a suas respectivas salas de aula, foram os últimos a subir. Logo após chegar na sala de aula, o sentimento de perda já havia tomado conta dele, e foram de longe as intermináveis horas até o fim do dia, longe disso. Afinal de contas, não havia tecnologia de troca de mensagens como hoje temos, era pegar o telefone de casa e esperar ela estar em casa para que pudéssemos conversar, com hora marcada, é claro (risos). No mesmo dia foram horas de conversas, e olhares de seus pais indo e voltando em frente ao telefone em suas salas de estar.

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